–E ai Silverinha, tem negócio?
–Não! Não tem negócio! Responde o policial sem deixar transparecer emoção alguma e, sem encarar o presidiário, de frente, que o inquiria. E se assim o fizesse, poderia notar a cara de desprezo que brotara na tez morena do detento, ao ouvir a resposta negativa e sair resmungando. Sentado, e jogando caxeta despreocupadamente com os demais detentos, o soldado Silveira, bem sabia que tipo de negócio aquele animal, do ‘’Marcelinho Serra-fita’’, queria tratar com ele. Também sabia que após a sua recusa, o próximo a ser inquirido seria o Cabo Bilac. Ver o soldado Silveira, com seu cabelo alourado e nariz anduco, em um verdadeiro contraste no ambiente em que estava. O cárcere tem suas leis próprias, aonde o certo é o errado, e o errado é o certo. E fato de certos carcereiros jogarem com alguns dos detentos, era um misto de diversão e prudência. O jogo fazia passar o tempo mais rápido, e na prisão o tempo era um caso fora parte. E em um lugar onde os carcereiros estavam na proporção de um para dez em relação aos detentos, a jogatina para ambos era uma questão, sobretudo, de sobrevivência.
–Bati! Grita o soldado Silveira, levando uma das mãos no cassetete, e esquecendo uma da regras do presídio, o silêncio.
Enviado pelo leitor "Samuel da Costa"
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