9 de nov. de 2010

Star Wars - O Adepto (Parte 2)

Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante...

O Império está se expandindo pela galáxia, os últimos remanescentes da velha republica estão caindo um a um, e seus aliados estão cada vez menos numerosos.

Em meio a esse conflito, há aqueles que apenas vivem sem que suas vidas sejam afetadas, em mundos distantes e pacatos, como o jovem adepto Leen Ghunar, e o velho mestre jedi Thai Kotax. mas por quanto tempo?

Não muito tempo...

● ● ●

Não era comum tantos soldados imperiais aqui em Yutar, houvera visitas antes, muitas pelo que posso lembrar, mas todas pareciam apenas ocasiões errantes. Dessa vez estavam organizados, como se cumprissem um objetivo. E isso era estranho.

Observei-os até que não pudesse mais vê-los, e continuei olhando o tempo o bastante para ver uma nave de médio porte deixar as matas e subir aos céus, sumindo por entre as nuvens numa trajetória rápida e uniforme.

Avistei algo sobre um ponto da mata, algo que eu não percebera antes. Uma silueta sutil de fumaça escura subindo lentamente e dissipando-se à poucos metros de altura. Eu conhecia aquele lugar.

-Mestre! –Exclamei em minha mente. Talvez tivesse me faltado um pouco mais de perspicácia, nem se quer havia ligado a presença do Império à natureza de meu mestre.

O eopie que eu montava era bastante lento se comparado a minha destreza, e mesmo que o usasse naquele momento, causaria bastante destruição. Saltei do animal e iniciei uma corrida por entre os poucos que ainda ocupavam aquela feira, chegando a uma das muitas trilhas que cortavam aquela floresta. O caluje de meu mestre ficava no ponto mais alto da encosta montanhosa que predominava por uma extensa faixa daquela região, e achar o caminho mais rápido era natural para mim.

Não demorou até que eu pudesse avistar o lugar de longe. Pude ver arvores partidas nas proximidades, como se tivessem sido destruídas por armas cortantes, e também consegui identificar a origem da fumaça que avistara outrora.

-Não, mestre! –Esbravejei enquanto percorria os últimos metros da estrada. Estava tudo destruído, não havia mais qualquer vestígio de que um dia ali houvera um caluje. –Por que? –Fechei os punhos com força.

Uma vez meu mestre dissera que o ódio deveria ser evitado, que eu deveria controlar meus sentimentos e agir com a razão...

Eu estava muito abalado para perceber que permitia nascer dentro de mim algo que eu nunca havia sentido antes. Uma sensação ruim, uma idéia distorcida de justiça que não tinha fundamentos em qualquer tipo de moral, e nesse momento eu percebi que nunca tivera sentido ódio de verdade. Finalmente eu estava experimentando aquilo que meu mestre descrevera tantas vezes em suas historias. Mas eu estava preparado para abrir mão daquilo que me cercava?

Não... Eu não estava.

● ● ●

Estava eu no espaço-porto de Yutar, sob um manto de couro escuro, longe dos olhos de todos, observando a tudo. O Espaço-Porto de Yutar era bastante rústico em termos tecnológicos, mas a sua grandeza ainda assim poderia impressionar qualquer um que parasse para vislumbrá-lo pela primeira vez. As naves mercantes enchiam o céu alaranjado de fim de tarde, enquanto pessoas das mais variadas raças infestavam as vielas entre os atracadouros. Mas o que eu precisava certamente não estaria ali, mas na taverna mais próxima.

Eu não conhecia tavernas, mas com certeza aquela deveria ser exatamente igual a todas as outras. Haviam homens bêbados jogados aos cantos, sobre as mesas e debruçados nas cadeiras, mulheres flertando por entre eles e dançando a melodia que era tocada pelo grupo de músicos. Típico. Porém, também havia aqueles que se mantinham sóbrios a tratar de negócios, e um grupo em particular me chamou a atenção.

-Como me garante que esses droids darão conta do serviço? –Indagou um dos homens, que pelos trajes mais finos deveria ser mais importante. Ele apontava para três indivíduos humanóides trajados em mantas que cobriam todo corpo, deixando a mostra apenas os olhos incandescentes e amarelos.

-Esses três droids poderiam facilmente proteger uma nave bem maior que a sua. –Respondeu o neimoidiano gordo, e continuou. –Não há nada que esses droids não possam sobrepujar!

-Argus, isso não é garantia alguma, você está apenas querendo vendê-los, e por um preço bastante alto! –Disse o homem. –Preciso de garantias, não de droids que defendem o seu bar! Acredito que em Teluria encontrarei algo em que eu possa confiar.

O sujeito era capitão de uma nave mercante, ao que parecia, e estava à procura de proteção. Aproximei-me um pouco mais, o bastante para que pudessem me perceber, e ouvir a minha voz.

-Eu posso fazer o serviço... –Falei.

O homem me observou por um momento, tentando ver meu rosto sob a manta.

-O que é isso Argus, outro droid? –Indagou com ironia.

Retirei a gorra que cobria minha cabeça, deixando meu rosto a mostra.

-Não sou um droid... E posso garantir sua proteção por um preço bem mais baixo.

O neimoidiano se impôs entre mim e o homem. Estava visivelmente irritado.

-O que você pensa que é? Acha-se capaz de defender uma nave cargueira sozinho? Acha-se melhor do que três droids de combate que lutaram e triunfaram em guerras antes mesmo de você existir? –Indagou ele, apontando o dedo na direção da minha face, e continuou, virando-se agora para o homem. –Não dê ouvidos a este homem, está louco!

-Argus, já vi homens destruir droids em combate, e embora não acredite que este homem possa fazer isso com esses, afirmo que não é impossível! –Disse o capitão.

Argus estava bastante nervoso, os músculos de sua face se contraiam de diversas formas possíveis. Neimoidianos não gostavam de ser derrotados em negociações, mas eu estava disposto a derrotá-lo.

-Eu posso cuidar de vinte droids como estes. –Falei, interrompendo os dois. Ambos olharam para mim, um com expressão de interesse, o outro com bastante raiva.

-Vinte droids de combate? –Esbravejou o neimoidiano. –O que você pensa que é, algum Jedi?

O capitão aproximou-se do mercador, apoiando-se em seu ombro.

-Veja Argus, uma chance de demonstrar o potencial de seu trio de guerreiros. –Sugeriu ele. –Se derrotarem este garoto, eu pagarei a metade do preço!

-Metade? Está brincando, Khael Van’D?

-Não é brincadeira, recusar a esta chance custará a você um bom negocio. Diferente de você, o rapaz demonstra convicção no que diz, e está disposto a provar!

O neimoidiano fechou os punhos com força, olhou para mim como se quisesse acabar comigo naquele instante.

-Então assim será feito! –Exclamou ele. –Acabem com ele agora!

Os três droids jogaram o tecido do manto para as costas, deixando expostos seus corpos metálicos, e revelando as armas que carregavam. Bastões elétricos de dois lados. Empunharam as armas e se mantiveram em posição de combate.

-Não vai empunhar sua arma agora? –Indagou o neimoidiano.

Permaneci parado, sem pronunciar palavra alguma. Os droids cercaram-me e começaram a girar seus bastões, em movimentos rápidos e precisos. Eu não estava disposto a perder meu tempo lutando com maquinas estúpidas, mas também não deixaria meu passaporte para fora de Yutar ir embora com aquele capitão e sua nave.

O droid a minha frente fez a primeira investida, golpeando em direção ao meu peito com uma das pontas de sua arma. A velocidade do movimento estava além da que eu poderia esperar para um droid, porém, não rápido o bastante para atingir-me. Esquivei-me para o lado e observei artefato energizado passar a minha direita, segurando-o pelo cabo central e guiando-o na direção do tórax do droid às minhas costas. O golpe danificou sua fuselagem e penetrou seus circuitos, e ainda mantendo o cabo da arma em meu punho, saquei meu sabre de luz com a mão esquerda e o acionei em direção à cintura do droid que me atacara. A lamina laser azul atravessou e partiu seu corpo ao meio enquanto ele tombava para o lado. Os dois droids caíram antes mesmo de o terceiro realizar qualquer investida.

Vozes assustadas fizeram-se ouvir por todo o lugar, enquanto os menos corajosos afastavam-se desastrosamente por cima das mesas. Voltei minha atenção para o terceiro droid, que girava sua arma exatamente como primeiro antes de me atacar. Previsíveis.

-Chega! –Ordenou o neimoidiano. O droid parou imediatamente, e permaneceu imóvel da mesma forma que estivera antes. –Não havia mencionado ser um Jedi!

-Não sou um Jedi... –Respondi, ainda empunhando meu sabre.

-Para alguém que sabe usar esse trabuco, até que você poderia ser... –Disse o capitão Khael Van’D.

-Sou um mercenário... E posso garantir a segurança de sua nave.

Khael Van’D era um humano, aparentemente mais velho que eu. Eu não estava interessado em saber nada mais além de seu nome.

-Está bem, Mercenário... Supondo que eu contrate seus serviços... Qual o seu preço?

Desativei meu sabre e o repus sob a manta.

-Você é capitão de uma nave mercante, e parece negociar em diversos espaço-portos... Eu preciso encontrar uma pessoa, mas não tenho nave alguma. Dei-me transporte e eu o protegerei até que complete meu objetivo. –Propus.

O homem deu um sorriso de satisfação. Parecia concordar completamente com a proposta. Mas o neimoidiano não.
-E meus droids, quem pagará por eles? –Indagou cheio de raiva.

-Não seja mau negociador Argus! –Khael exclamou em ironia. –Ele foi melhor que seus droids, assim como havia dito que era. –Olhou para mim, e completou. –Então Mercenário, sua proposta é justa, o cargo é seu!

● ● ●

A nave do Capitão Khael Van’D era maior do que eu imaginara, e mais velha também. Aparentava já ter passado por muitos reparos de fuselagem, e sinais de avarias recentes. Mas isso não importava para mim.

-Esta é a Estrela Pulsante! –Anunciou ele. –Não se deixe enganar pela aparência desgastada, Mercenário, esta nave já me salvou a vida mais vezes do que posso lembrar!

-Chamo-me Leen... –Avisei. –Ela parece servir...

-Servir? –Perguntou irônico. –Essa nave é a mais confiável de toda a galáxia! Vamos, entre Leen!

Aquele foi o passo mais longe que eu já houvera dado em toda minha vida. Eu nem ao menos estive com minha mãe para despedir-me pela ultima vez... Eu procurava não pensar nisso, era mais uma coisa que eu estava perdendo.

O Império tirou a liberdade da galáxia, tirou tudo aquilo que um dia foi bom em qualquer lugar que se pudesse ir. Ceifou dos Jedi a paz e a prosperidade, e agora suas raízes negras haviam chegado até mim. Como alguém poderia suportar tudo isso? Um Jedi puro suportaria? Meu mestre suportaria, e por isso minha idéia de justiça não poderia ter sido concebida na mente de um Jedi, e isso deveria me envergonhar.

Mas eu não era um Jedi... E almejava vingança!

Continua...

Paulo “SpeedRain” Rodrigo

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